Covil

O pior PARALÍTICO é aquele que não quer andar.
Quem MORRE por gosto não cansa.
Quem muito se ARMA, muito se fode.
Mais depressa se apanha um mentiroso do que um COXO.

Wednesday, November 23, 2005

Episódio 15 - Esta mensagem é um aviso...

Há medida que avança aos trambolhões em direcção ao elevador em pelota com a roupa na mão, Martim questiona-se várias vezes do porquê de estar ali. Daniel tinha razão, ele era completamente maluco, estava a encarnar alguém que não era e estava a enganar uma linda mulher. Estava a apaixonar-se por alguém e esse alguém nem sabia quem ele era.

No estacionamento do condomínio mesmo muito bom onde moravam SSussana e Gisele, Quim Zé e esta, carregavam aquela em direcção ao carro de Daniel. “- Mas, qual é o carro daquele tipo fedorento?” Indaga Quim Zé já a pensar que se não descobrissem qual era o veículo, teriam de voltar a carregar SSussana até ao elevador e de volta ao apartamento. “- Eu posso não ser muito esperta…” Exclama Gisele. Nisto SSussana abre momentaneamente os olhos e vocifera um sonoro “- LOL” para voltar de seguida a desmaiar. “- Hã?! Bem, como eu estava a dizer… Parece-me que deve ser única chocolateira fedorenta aqui estacionada…”. Depois de colocarem SSussana no “carro”, Quim Zé e Gisele dirigem-se para um dos elevadores. Assim que as portas abrem e entram dentro do elevador, antes de estas voltarem a fechar, têm um pequeno vislumbre de um homem nu a correr para fora do elevador do lado. Gisele podia jurar que conhecia aquele traseiro, não fosse Quim Zé estar ao seu lado.

Dentro do apartamento de Gisele, Daniel Caralhadas agarrava Fifi para o impedir de correr atrás de Martim “- Larga-me seu brutamontes, o Menino Quim Zé vai nu!”, “- Pois vai e tu tens nada a ver com isso meu cabrão! Meu paneleiro do caralho!”. Ao ouvir aquelas palavras Fifi, apoderado de uma força descomunal manda Daniel ao chão e tenta correr para a porta “- Eu não sou paneleiro! Sou o mordomo másculo dos Naofaznenhum!”. Assim que atinge o limiar da porta, vê o elevador e de dentro dele saem Quim Zé e Gisele “- Oh não o Fifi está cá!” profere Gisele já desesperada com o que lhe tinham feito à noite.
"- Fifi, que estás aqui a fazer?"
"- Bem senhor, o patrão disse que o menino tinha desaparecido depois da reunião e eu fiquei preocupado, como não atendiam o telefone corri para cá."
“- Eu estive cá a tarde toda, o telefone nunca tocou.”
Exclama Gisele desconfiada.
“- Que reunião, eu não fui a reunião nenhuma.”
“- Não foste?! Mas então ficaste o quê a fazer na empresa?”
Gisele começava a desesperar com a confusão.
“- Eu não estive na empresa fui a Lisboa ver os MTV Music Awards.”
“- Foste o quê? E não me levaste contigo?”
“- Ups… Desculpa doçura…”
“- Mas então, quem esteve comigo a tarde toda?”
“- Tu estiveste com alguém a tarde toda?”
“- Ups…”
“- Mas eu já não percebo nada! Tem alguma coisa a ver com o homem pelado que eu vi sair do elevador? Espera lá, tu aí!!”
Assim que começou a aperceber-se que ninguém tinha reparado na sua presença Daniel Caralhadas tenta esgueirar-se pela porta, mas a meio do caminho é interrompido:
“- Quê que foi caralho?”
“- Você deve saber o que se passa!”
Berra Quim Zé aflito com o que se passava.-
“- Eu?! Fodasse eu não sei de nada caralho. Vim trazer a minha bebedazinha a casa e esta cambada de cabrões nem sequer a querem cá. Ide pó caralho meus filhos da puta se pensam que eu vos vou dizer o que quer que seja!!” E desata a correr em direcção ao elevador.
Já no estacionamento Daniel entra no seu carro onde já se encontravam SSussana e Martim. “Tu tens muito que explicar ó meu filho da puta!”

No Bairro dos Fedidos, Connie caminhava desesperada pelo trilho de merda. Mas que raio iria ela dizer a Afonso quando o visse. “- Olha amorzinho, voltei depois de vinte anos para te fazer uma proposta de um ménage a trois com o homem pelo qual eu te deixei, aceitas?” Ridículo. Enquanto murmura estas palavras Connie é repentinamente encandeada pelas luzes de uma chocolateira que se aproxima a toda a velocidade. Sem tempo para se desviar, Connie grita “- Foooodasssseeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeee” há medida que é abalroada pelo veículo e vai parar ao monte de lixeira mais próximo. Deitada nos escombros daquilo que um dia já foi uma sanita, Connie, enquanto pensava que efectivamente vivia rodeada de merda, ouve ao longe uma voz masculina “- Mãaaaaaaaaaaaaaaaaeeeeeeeeeeeeeeee!”. Enquanto começava a fechar os olhos e a perder sensação no corpo todo, num breve suspiro antes de adormecer, vislumbra uma sombra que se debruça por cima de si e ouve “E é amar-me assim perdidamente, é mentir, roubar e só faltar matar! Fodeste-te!” Era Maluca, só podia mesmo ser Maluca, antes de desmaiar por completo, Connie ouve ainda um sonoro PUF, e fecha os olhos, ficando por saber se perdeu os sentidos por causa das dores ou do cheiro.

Depois de ter retirado a máscara de repressão que tinha colocado há muitos anos depois de ela se ter ido embora, Afonso, chora desalmado enquanto tomava o seu banho de imersão perfumado com rosas. Quando começa a abrir os pulmões para deixar sair o mais sincero suspiro que estava guardado havia anos, Afonso sente uma repentina dor no peito “- Raisparta… Boa altura para ter um ataque cardíaco, nu, no banho e e… sem o Fifi em casa!”. Porque Afonso era uma homem prevenido e nunca largava o seu telemóvel mesmo muito bom, pega nele com a mão disponível enquanto a outra agarra o peito e telefone para o 112. Com muito custo consegue sair da banheira, não vá desmaiar ali e morrer afogado, e dirige-se para o quarto. A dor, tornando-se de tal maneira poderosa, atira Afonso para o meio do chão do quarto não tendo este tempo de se vestir, acabando por ficar pelado, à espera da ambulância. Estranhamente, os seus últimos pensamentos recaíram sobre Fifi, e a noite chuvosa em que este apareceu pela primeira vez no seu apartamento realmente mesmo muito bom, envergando apenas uns farrapos encharcados e carregando um papel na mão que começava com as seguintes palavras “Esta mensagem é um aviso…”.

0 Comments:

Post a Comment

<< Home