Covil

O pior PARALÍTICO é aquele que não quer andar.
Quem MORRE por gosto não cansa.
Quem muito se ARMA, muito se fode.
Mais depressa se apanha um mentiroso do que um COXO.

Thursday, November 10, 2005

Episódio 11 - Drogas, Sexo e Rock 'n Roll!

Connie e Tesus tinham finalmente acabado o servicinho. Enquanto Connie tentava, sorrateiramente, escapar ao inquérito do segundo marido, dizendo que tinha de ir fazer um chap chap, Tesus estava entretido na cama, a fumar uma beata que tinha encontrado por ali. Mas quem será esse Afonso? Não me digam que esta gaja me anda a por os cornos?! Mmmm... Ventil, que sorte que tive!
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Sssusana entra na Merda do Bar da Esquina disposta a esquecer que o mundo cagava para ela.
- Um fino, ssse fazzz favor, e pode já ir tirando outro... eu vim para ficar! - disse, com o tom de voz baixinho habitual.
Nesse momento, Daniel Caralhadas entra no bar, farto de não entender as papaias (ou não) de Maluca. Os seus olhos cegaram. Indiferentes a tudo o resto e ofuscados pelo o que deveria ser a beleza de Sssusana, Daniel nem uma caralhada conseguiu dizer. Os elegantes movimentos de Sssusana a levar o copo ao encontro dos seus lábios húmidos provocavam-lhe um vazio mental inexplicável. Após os 5 minutos de estagnação à porta da Merda do Bar da Esquina, percebeu o que estava a sentir. Aí, sim, pôde finalmente libertar algum stress em forma de palavras. Então é esta puta de sentimento que está a deixar o Martim meio maluco!!! Caralhos me fodam, também fui apanhado!
No meio das caralhadas, pensou que, em vez de estar ali com merdas, devia era estar a arranjar forma de se sentar na mesa de Sssusana. Mas não foi preciso. O álcool que a jovem já tinha injectado no sangue foi suficiente.
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Olivério queria morrer. Pela primeira vez na vida, sentia que quando o resto do bairro o chamava de otário, era mesmo a sério. Ao ver passar por ali Maluca e ao olhar um pouco mais para cima, para a janela de Paulo Charras, pensou que, se alguma coisa não mudasse de vez na sua vida, o seu destino não iria ser mais feliz do que o daqueles seus dois vizinhos.
Paulo Charras pressentiu a tristeza no olhar do amigo e quis ajudar.
- Olivério, ma man... então... 'tá-se ou não?! - interpela Paulo.
- Não 'tou muito bem, não... - responde Olivério, completamente acabado.
- Olha lá, queres uma pastilha para animar? - disse Charras, atirando, lá de cima, uma pastilha de aspecto bizarro para as mãos de Olivério.
- Obrigados, pá... tava realmente com uma secura na boa... - disse Olivério, lembrando-se que aquela secura talvez tivesse algo a ver com as lágrimas que tinha chorado.
- Então bebe um pouco de água... - disse Charras, com um sorriso maroto.
Sem se aperceber, Olivério leva demasiada água à boca e engole a pastilha. Não foram precisos mais do que uns segundos para Olivério começar a sentir que aquilo não era nenhuma pastilha Gorila. Enquanto Paulo Charras ria compulsivamente - e talvez até nem fosse da situação em que o amigo se encontrava -, maluca rodeou Olivério e começou a dançar à volta dele, enquanto batia na boca como os índios e dizia, ao mesmo tempo: "Mata-a... no teu coração, Bianca bruxa... a efémera... dia de vida... que ela se importa?... um bocadinho! Martim não é filho... de Tesus"
Será que o que Olivério tinha posto no buxo e a habitual dose de Paulo Charras, os fariam lembrar do que Maluca tinhaacabado de dizer?
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Quim Zé sentiu-se estúpido quando chegou ao Pavilhão Atlântico e se viu rodeado de adolescentes. Tentou auto-confortar-se: Tinha de vir para aqui cedo, senão como é que arranjava lugar lá à frente, para ver bem a Madonna e a Shakira?!
Mais tarde, quando lhe pediram o bilhete, Quim Zé entrega outro papel por engano.
- Mas tá a gozar comigo? Aqui só bilhetes oficiais! Que raio... agora já nem se dão ao trabalho de falsificar os bilhetes... tss tss! - diz o empregado que conferia os bilhetes.
"Porra, mais um?!", pensa Quim Zé. Abriu o bilhete e então leu:
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"Tu és chatinho, pá! Então eu andei a gastar papel e caneta para quê? Não te fiz um aviso? Um aviso é um conselho, uma advertência, uma admoestação. Mas, afinal, que parte da palavra AVISO é que tu não percebeste? LOL Nem sequer me vou dar ao trabalho de repetir o aviso. Mas eu ando a roubar dinheiro?! Deves pensar que eu sou rico como tu para andar a escrever bilhetinhos destes a toda a hora. Não chegou um aviso?! Tinhas de me fazer gastar mais um papel! Eu que faço tudo por tudo para economizar papel... Que isto te sirva de lição, ãh? Isto é mesmo um aviso. O mesmo que te fiz no primeiro bilhete, porque não posso desperdiçar mais espaço neste papel. Já sabes. Pensa bem. Não posso voltar a escrever aqui qual era o aviso, por isso, estou a contar que te lembres do primeiro aviso. Vá, não sejas chatinho. Lembra-te lá. É que já não tenho mesmo espaço. Tás avisado, pela segunda vez, ok? Se não te lembrares do que te avisei da última vez é um pouco aborrecido para mim. Beijinhos fofos*** "
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Mais uma vez, Quim Zé sentiu-se perturbado com aquele papel. Sentiu-se até culpado. Não se lembrava do que dizia o primeiro papel. Oh, depois penso nisso, pensou, a Madonna vai entrar! Quando a diva da pop entra em palco, em frente a todos aqueles milhares de pessoas, Quim Zé sente que deveria estar a fazer outra coisa qualquer. Mas que raio, o que é que me pode ter passado ao lado? O barulho da multidão rapidamente o fez esquecer das preocupações e maus pressentimentos. Ele estava nos MTV Music Awards. Que mais poderia interessar? Não é que fosse perder alguma coisa por ali estar... ou então sim...
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A alguma distância dali, a namorada de Quim Zé transformava todas as suas recordações sobre o namorado. O "Quim Zé" com quem partilhava aquela cama era mais meigo, mais atento, mais apaixonado e... mais fedorento. Meu Deus, que paixão... eu sei que sou boa, mas é como se fosse a primeira vez que está a olhar para o meu corpo nu... Surpreendendo-se a si própria - ou não fosse ela uma Barbie mesquinha e fútil -, Gisele sentiu-se mais excitada do que nunca. O cheiro dele, as mãos encardidas... o cabelo a cheirar a lixeira... tudo aquilo transportou-a para um cenário de amor completamente diferente daquele a que estivera habituada durante todo os meses anteriores de namoro. E isso, apesar dos odores, era bom. Ultimamente, a relação tinha entrado na rotina.
Os olhos esbugalhados de Martim diziam tudo. De repente, era como se tudo tivesse todo um novo sentido. O sussurrar tivesse ganho doçura, a pele tivesse agora toda uma nova função... era como se amar agora tivesse começado a ser algo mais do que ver os pais a pôr a mesa da cozinha a chiar.
Sem conseguir deixar de sentir-se completamente extasiado, Martim soube que aquilo era tão certo, como errado.

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