Covil

O pior PARALÍTICO é aquele que não quer andar.
Quem MORRE por gosto não cansa.
Quem muito se ARMA, muito se fode.
Mais depressa se apanha um mentiroso do que um COXO.

Friday, November 04, 2005

Episódio 10 - A segunda pele de Martim

Ao mesmo tempo que caminhava para o carro, Quim Zé só conseguia pensar nos MTV Music Awards, mas sentia que a verdadeira razão pela qual tinha saído da empresa era outra. Só não se conseguia lembrar qual. Enfim, talvez quando estivesse a ver ao vivo a Madonna ou a Shakira se conseguisse lembrar, “Pena que não fechem a entrega dos prémios com uma banda portuguesa. Que mau não termos bandas com visibilidade suficiente para actuarem num palco de Lisboa. Que caraças!”

Ao subir o elevador, Martim sentia-se a caminhar para o seu destino. Não fazia a mínima ideia do que iria encontrar quando chegasse ao último piso, mas de certeza que não iria ser os seus pais semi-nus em cima da secretária de uma qualquer assistente a testar a suavidade do carvalho. Isso já o deixava muito feliz.

Assim que pôs os pés fora do elevador, foi recebido por uma mulher com um sorriso que lhe corria de orelha a orelha. “- Ainda bem que mudou de ideias Sr. Quim Zé. Ah! Não acredito!”. Com uma grande cara de parva, a mulher, mesmo muito bem vestida, fitava Martim com um brilhozinho nos olhos. “- Sr. Afonso, venha cá ver isto!”. Martim dobrou a esquina do corredor e deu de caras com um homem sofisticadamente vestido com feições que o faziam recordar a sua própria imagem. “- Quim Zé? Mas… Meu filho, és um génio! Como é que te foste lembrar! Claro, vestido porcamente os chefes da Lixeira Municipal irão sentir-se muito mais identificados connosco, podendo nós chegar a um acordo muito mais rapidamente e sem trabalho algum!”.
Martim tinha ouvido falar pelos cantos da Lixeira sobre a Multinacional com ideias para revitalizar o Bairro. Esquecendo-se por instantes da verdadeira razão que o tinha levado ali, começou a construir ideias sobre como, na pele do tipo Quim Zé, poderia contribuir para melhorar o estilo de merda de vida levado por si e por todos os seus amigos.

Enquanto Martim se encontrava fechado na sala de reuniões com aquela cambada de desconhecidos, outra pessoa acompanhada da sua grande amiga SSussana dava entrada no edifício. Gisele, planeava encontrar-se com Quim Zé assim que a reunião terminasse de forma a almoçarem juntos ou quem sabe continuarem a bela sessão de amasso caseiro que haviam protagonizado no sofá da sala, antes de serem bruscamente interrompidos pelo másculo mordomo Fifi Florzinha.

Ao descer o elevador Martim sentia-se ridiculamente poderoso. Tinha vestido uma pele que não era a sua, que não fazia ideia de quem era, e, perante o olhar estupefacto do tal Sr. Afonso, tinha tomado conta da reunião e virado as cartas a favor dos homens da lixeira. Estava agora nas mãos dos seus chefes uma quantidade mesmo muito grande de dinheiro para revitalizarem o Bairro que rodeava a Lixeira. Martim sentia também alguma incompreensão relativamente ao brilho nos olhares dos chefes da lixeira quando se viram a mãos com o cheque preenchido pelo tal Sr. Afonso.
Já perto da recepção volta a ouvir aquela voz melodiosa, com um tom nasalado, afunilado e estridente. “- Quim Zé!!” Volta-se para trás e a mulher que tinha assombrado os seus sonhos após aquele beijo húmido na merda do bar da esquina, espeta-lhe outro beijo, muito mais prolongado e muito mais saboroso que o anterior. Sem o deixar falar, a mulher arrasta-o até ao parque de estacionamento. “- O teu carro Quim Zé? Não interessa, vamos no meu! Vamos para minha casa, não quero o Fifi a incomodar-nos!”. Com a estranha sensação de que se abrisse a boca iria estragar tudo, Martim, após ter sido violentamente apalpado pela estranha mulher que lhe sussurrava constantemente ao ouvido “- Que boa surpresa fofinho! Já tas a beijar outra vez muito bem!”, entra no carro e segue com ela.
À entrada da empresa SSussana SSantoss SSilva diz de si para si: “- Fodassse, aquela porca é messmo ssacana! Deixou-me aqui ssozinha ssem me dizer nada! Eu nem ssei porque continuo amiga dela! Vou mass é à merda do Bar da Esquina beber um finito, asssim ali ninguém me chateia.”

No Bairro Fétido, depois da confusão entre Olivério e Bianca Cristina, Daniel Caralhadas, que, depois de Martim lhe ter espetado a peta de que não ia trabalhar, havia voltado para casa com a desculpa de que ele também não se sentia bem e “tava quase a dar ao caralho do grego!”, decide ir até à merda do Bar da Esquina, farto da burrice de Olivério e respectiva estupidez de Bianca Cristina “Vou mas beber uma puta duma cerveja que este caralhos de merda não me fazem nada bem aos intestinos!”. A caminho da merda do Bar da Esquina, atravessa-se no seu caminho Maluca, com a baba da cuspidela que tinha mandado a Martim já seca no queixo. Tentado a interpelá-la de forma a descobrir alguma coisa mais do que ela havia dito ao seu amigo, Daniel ouve da boca dela a seguinte frase: “- É o que dá sentares-te em cima de cubos de gelo, ficas com as bochechas do cú tão frias que nem sabes se a diarreia já passou.” Daniel, desapontado consigo mesmo por ter sequer esperado que a “desgraçada da vaca cuspideira” fosse pelo menos uma vez na vida fazer sentido, reinicia a caminhada, quando, repentinamente leva um beliscão no rabo “- Humm rabo jeitoso!” exclama Maluca, “- À sua filha da puta!” grita Daniel já pronto para lhe espetar o belo do bofardo, quando esta grita mais alto “- Olhos trocados mas pai igual! Mal-criado de confiança!” E desata a correr. “Ó que caralho, fodasse! Não bastava levar um beliscão de merda ainda me chama mal criado, aquela fedorenta!”

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