Covil

O pior PARALÍTICO é aquele que não quer andar.
Quem MORRE por gosto não cansa.
Quem muito se ARMA, muito se fode.
Mais depressa se apanha um mentiroso do que um COXO.

Tuesday, November 01, 2005

Episódio 7 - Martim no bairro cheiroso

Flashback:
- Sr. Dr. Nãofaznenhum? - lançou a enfermeira para o ar, com os olhos esbugalhados.
- Oui, c'est moi... (hic!)- disse Afonso, soluçando, visivelmente embriagado.
- Encontrámos o seu bébé. Ao que parece, o malandro saltou para um dos berços vizinhos... ah, e arrancou a pulseira com o nome.
- É, tu sabes tudo! Não goze comigo. Posso estar bêbedo, mas sei perfeitamente que os bébés quando nascem são todos iguais. Parecem raaaaaaatos... - disse, deitando a língua de fora - São todoooooooos iguais... Não me goze... não me goze! - finalizou, encostando-se a Fernanda, nauseada pelo cheiro a álcool da boca do amante.
- Senhora enfermeira, o Dr. Afonso está embriagado, mas até ele sabe que os recém-nascidos são todos muito parecidos. Principalmente, - disse, aumentando o volume e sorrindo sarcasticamente, como quem diz "toma, embrulha" - quando nem sequer trazem a pulseira identificativa...
- Sim, de acordo. Mas isso deixa de ser um problema quando se trata de um bébé com um olho de cada cor! - ripostou a enfermeira, com um ar vitorioso.
Após as palavras da enfermeira, Afonso Nãofaznenhum percebeu que a sua bebedeira tinha chegado ao fim. Incrédula, Fernanda Dissimulada não conseguiu dizer uma só palavra.
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Martim ou Quim Zé - perguntou Martim a si próprio, sentindo-se de repente, completamente despersonalizado - Quem sou eu, afinal?
Faltando muito pouco para chegar ao Bairro Breeze, Martim estava ainda espantado pela clarividência anterior, que lhe havia indicado aquela fina urbanização, realmente mesmo muito boa, opá, mesmo do melhor que há. Alguma coisa dentro de si lhe dizia que estava certo. Aquele bairro tem as respostas de que preciso, pensou.
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A poucos metros de Martim, Quim Zé queimava os últimos minutos antes da tão aguardada reunião, com pensamentos de duas palavas: "Ela, quem?", esquecendo, por momentos da relevância do que o esperava."Como fazer das lixeiras um local melhor” era o projecto mais importante em que Quim Zé entrava, desde que Afonso resolvera iniciar a integração do filho nos negócios da família, como futuro herdeiro e dono do império NãoFaz nenhum. Tratava-se de uma empresa realmente mesmo muito boa de Construção Civil, que tinha sido indesejavelmente incluída no rol de empresas "não amigas do ambiente", devido aos restos de materiais de construção e de entulho proveniente de casas implodidas, que depositava para a lixeira municipal. Como Afonso tencionava concorrer para a Presidência da Câmara daquela cidade, rapidamente foi aconselhado a limpar a sua imagem relativamente às lixeiras. Tenho de fazer alguma coisa que conquiste a maioria dos eleitores. Até os da lixeira. Tentando compor-se do arrepio de nojo que sentiu ao pensar em cumprimentar as velhas da lixeira com 2 beijos, para lhes ficar com os votos, Afonso Nãofaznenhum decidiu que aquele projecto era fundamental para que o seu real rabo se sentasse na cadeira municipal.
A reunião estava prestes a começar começar.
- Doutorzinho Nãofaznenhum? O seu pai espera-o para uma última troca de impressões antes de chegarem os representantes da lixeira e a comunicação social - anunciou a secretária de direcção do Presidente, Afonso Nãofaznenhum, pensando "anda lá, mexe esse cu, lambão de merda!".
- Quem é ela, mas quem é ela?! - disse Quim Zé, incapaz de controlar qualquer vocábulo que saísse naquele momento.
- Como disse, doutorzinho?! - disse a secretária, abanando a cabeça, confusa.
- "Já vou, Bela! Já vou, Bela! Foi o que eu disse... eheh!" - respondeu, atrapalhado e com um sorriso amarelo.
De repente, algo mudou dentro da cabeça de Quim Zé. E então, raciocinou. Quem é ela? Quem é ela?! Quem é que há-de ser? Até parece que nesta novela tenho muitas mulheres na minha vida!!! Temendo o pior, Quim Zé correu ao encontro de Gisele. Na sua cabeça, só um pensamento imperava. E esse pensamento não continha a palavra "reunião".
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À porta da empresa estava agora Martim. É agora, pensou, agora vou tirar todas as dúvidas.

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