Episódio 4 - Partir à procura
Flashback:
Por entre o amontoado de porcaria da lixeira municipal, o casal Apodrecido, passeia sob a luz do lua, cujos raios se confundem com os odores fétidos que emanam do lixo espalhado. Ao olharem para o chão, numa tentativa de não calcarem depósitos demasiado moles, deparam-se com um bebé, que, intoxicado pela badalhoquice que o rodeia não consegue chorar. “- Fodasse, pensei que já nos tivéssemos livrado desta raça de come-fraldas pá!” Exclama Tesus Apodrecido ao pegar no bebé. Do outro lado da montanha de cascalho, Maluca canta baixinho: “- Voltei voltei, voltei de lá, ainda agora estava na cagadeira e agora já estou cá! Merda, parti uma unha…”
À saída do hospital, após terem descoberto que a tomatada de Olivério e a sua capacidade reprodutiva tinham ficado intactas, este, Daniel, Martim e Bianca Cristina, munida do número de telemóvel do segurança do hospital, dirigem-se ao carro de Caralhadas.
Dentro do hospital, Quim Zé desesperado procura o quarto de Gisele. “- Meu amorzinho, então, que se passa? Foste atacada? Não me digas que o silicone…” “- Nada disso a SSussana é que apanhou. Olha lá, o que é que estavas ali a fazer com aquela gringalhada toda? Quem era aquela tipa?” “- Que tipa? Tas a delirar moreee… dá cá um beijinho!!” Depois de tentar beijar apaixonadamente a sua noiva, Quim Zé apercebe-se de que ela não está exactamente a gostar. “- É que bem que me podias beijar como fizeste na merda do bar da esquina.” Sem perceber nada do que se passava e achando que a sua namorada estava a delirar por causa da raiva do cão, Quim Zé leva-a do hospital, não sem antes se esquecer da grande amiga de Gisele, SSussana, e ter de voltar atrás.
De volta ao bairro fétido, e já no caminho da lata lar da família apodrecido, Bianca Cristina sacudia as mãos de Olivério quando Martim cumprimenta Paulo Xarras, à janela de sua lata:
“- Ei Paulito, boa noite!
- Ei Martim! Ouve lá, tá tudo bem aí com as bolas do Olivério? Ó Olivas, não queres alguma coisa pa matar essa dor? Um charrito talvez? E tu Bianca, alguma coisa pa acordares do sonho em que és uma gaja boa? Ehehe”
E pronto, mais uma vítima dos amandos da mala de Bianca Cristina.
Ao entrarem em casa, qual não é o espanto fingido dos irmãos Apodrecido que se deparam com a mãe Connie, deitada na sala, de perna aberta (tapada, que isto não é nenhum filme pornográfico) no sofá a dormir. Bianca Cristina tenta, calmamente, acordar a mãe:
“- Fodasse, kesta merda mãe! Isto é posição que se tenha na sala?! Não tens classe nenhuma, tens de aprender comigo!
- Cala-te lá filha, onde tá o caralho do teu pai? Ele tava aqui em cima… Não me digas que eu adormeci a meio e não vi o fim do filme?
- Chega de pormenores, eu vou pró meu quarto” Diz Martim, já habituado às poses estranhas em que, regularmente, encontra os pais.
No dia seguinte, Martim, sem ter conseguido dormir, levanta-se da cama, espalha o mata moscas para ter a certeza que quando chegar a casa não irá ter surpresas desagradáveis entre os lençóis, e faz uma chamada para a lixeira tentando falar com Daniel.
“- Tou caralho.
- Daniel?
- Chamaste por mim não chamaste meu filho da puta?
- Olha, eu hoje não vou trabalhar, tou doente.
- Tas doente o caralho, ó cabrão, porkék não vens?
- Não digas a ninguém.
- Uhuhuh…
- Eu tenho de descobrir quem é akela mulher.
- O kê? A mamuda da merda do bar da esquina?
- Sim.
- Vais andar a perguntar pela puta da cidade se conhecem uma tipa de mamas grandes que quer acabar com a fome no mundo e vais ver que toda a gente te aponta pó ‘Cantinho das Amigas do Zézinho’!
- Nada disso! Vou ao hospital perguntar quem era ela!
- Ok, então. Põe-te nas putas.”
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